As últimas décadas viram uma mudança muito intensa na decisão de ter um filho. O que antes era visto como um caminho natural, principalmente para casais heterossexuais, hoje tem sido questionado ou adiado por diversos fatores.
Um desses fatores é que as mulheres que ainda sonham em ser mães estão adiando esse projeto para focar nos estudos e no desenvolvimento profissional. Prova disso são os números de mulheres grávidas acima dos 35 anos:
👉 O número de gestantes com mais de 40 anos cresceu 64% entre os anos de 2010 e 2022, segundo uma pesquisa divulgada pela Seade.
👉 Número de mães entre 40 e 49 anos subiu de 90,9 mil em 2018 para 106,1 mil em 2022. Desde 2010, o crescimento é ainda maior, 65,8%. (IBGE)
👉 A idade média da fecundidade, que em 2000 era de 25,3 anos, passou para 27,7 em 2020 e, deve ser de 31,3 anos até 2017 (IBGE).
Em outras palavras: o projeto de ter filhos está sendo deixado para mais tarde. Diante disso, a ideia de congelar óvulos tem sido apresentada como uma possibilidade para auxiliar nessa decisão.
No artigo de hoje, vamos apresentar como o processo de congelamento de óvulos funciona, até quando é ideal realizá-lo e qual o tipo de profissional que você deve procurar para auxiliar você e seu parceiro nessa jornada de maternidade adiada.
O congelamento de óvulos é um processo de reprodução assistida que garante a preservação da fertilidade feminina através do congelamento de células reprodutivas femininas.
É um processo seguro que, desde 2012, já não é mais considerado como uma técnica experimental pela Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva. Os poucos e raros riscos envolvidos são os de sangramentos e desconforto abdominal. Para se ter ideia de quão raros são, os sangramentos intensos nesse tratamento ocorrem em um a cada 1.500 procedimentos.
👉 mulheres com algum tipo de doença que pode comprometer os ovários e reservas ovarianas;
👉 mulheres que estão passando por tratamentos oncológicos (quimioterapia/radioterapia);
👉 mulheres que queiram postergar o sonho da maternidade.
✅ avaliação da saúde da mulher (com exames clínicos);
✅ estimulação ovariana com hormônios específicos indicados pela profissional de reprodução assistida;
✅ coleta dos óvulos por um processo chamado ecografia transvaginal;
✅ avaliação da qualidade dessas células reprodutivas para identificar se estão aptas a serem usadas no futuro;
✅ vitrificação desses óvulos maduros;
✅ congelamento em nitrogênio líquido.
No geral, dependendo da técnica de congelamento utilizada, esses óvulos podem ser congelados por 10 anos — ou até mais. Ou seja, uma mulher com 30 anos que optou por congelar seus óvulos pode usar essas células aos 40, 41 anos de idade, por exemplo.
Vale destacar que, durante a estimulação dos ovários, a paciente pode apresentar efeitos colaterais como dor de cabeça mais intensa, inchaço do abdômen e dores abdominais, que devem sumir após o próximo ciclo menstrual.
A técnica de congelamento de óvulos surgiu com o objetivo inicial de preservar a chance das mulheres que passavam pelo tratamento contra algum câncer de serem mães. Era uma estratégia para proteger as células reprodutivas contra os efeitos de uma quimioterapia.
Com mais pesquisas, os médicos perceberam que ela também era ideal também para mulheres que sofriam com doenças que comprometem a reserva ovariana como endometriose; síndrome dos ovários policísticos (SOP); doenças da tireoide; mulheres com histórico de menopausa precoce; ou simplesmente para as mulheres que ainda têm dúvidas sobre ter ou não ter um filho e escolhem adiar a maternidade.
E aqui entra outra grande dúvida sobre o tema: até quando dá para adiar a maternidade com segurança congelando os óvulos?
Quanto à gestação, existem casos de mulheres com 49 anos engravidando com óvulos congelados, já que não existe um limite de idade de fato para que as mulheres congelem seus óvulos.
No entanto, a recomendação para uma gravidez mais tranquila e um bebê saudável é que o congelamento seja feito até os 35 anos de idade. Isso porque, com o avanço da idade, há uma redução natural da quantidade de óvulos — e uma queda na qualidade deles.
O principal benefício para quem escolhe congelar óvulos é a preservação da fertilidade — todos os outros benefícios são derivados dele. Isso porque essa preservação da fertilidade garante, por exemplo, uma flexibilidade para planejar a vida, já que permite adiar a gravidez sem grandes preocupações.
Essa tranquilidade emocional é essencial para uma gravidez saudável, já que estamos falando de mulheres que sonham em ser mães, mas também não querem abrir mão de suas vidas profissionais, ou seja, elas conseguem a liberdade e tranquilidade de escolha e planejamento.
Para fazer o congelamento dos óvulos, a mulher ou o casal precisa procurar um ou uma médica ginecologista especialista em reprodução assistida. Este profissional tem a formação e experiência necessárias para avaliar a fertilidade e realizar o procedimento.
A Dra. Thais Vitti (CRM 125718 | TEGO 271 210) é médica ginecologista e especialista na área de atuação de Reprodução Humana formada pela USP Ribeirão Preto e atua há mais de 15 anos em São José do Rio Preto/SP e região. Além disso, já ajudou centenas de famílias a conquistarem o seu tão sonhado positivo.
