A doação de óvulos é um gesto silencioso, mas muito transformador. Para quem doa, é a possibilidade de oferecer a outra mulher a chance de realizar um sonho. Para quem recebe, é a oportunidade de engravidar quando, por algum motivo, já não é possível contar com os próprios óvulos.
Esse tratamento, parte das técnicas de reprodução assistida, é indicado em situações como baixa reserva ovariana, menopausa precoce, alterações genéticas que possam ser transmitidas ao bebê ou quando os óvulos já não apresentam qualidade suficiente para gerar uma gestação saudável.
Ainda assim, apesar do potencial de mudar vidas, o assunto costuma vir acompanhado de dúvidas e receios — afinal, envolve saúde, legislação e decisões muito pessoais.
O processo começa muito antes da coleta. A primeira etapa é selecionar a doadora, e isso segue critérios bem definidos para garantir segurança. No Brasil, a lei exige que a doadora tenha entre 18 e 35 anos, boa saúde física e mental e exames laboratoriais que descartem doenças genéticas ou infecciosas. Um ponto importante: a doação de óvulos é sempre anônima. Isso significa que nem a doadora sabe para quem doou, nem a receptora conhece a identidade de quem ajudou.
Depois dessa triagem, entra em cena a preparação para o tratamento. É necessário sincronizar o ciclo menstrual da receptora com o da doadora para que o útero esteja pronto para receber o embrião no momento certo. Essa etapa é feita com medicamentos hormonais que ajustam o tempo do organismo das duas mulheres.
A doadora, então, inicia a estimulação ovariana, recebendo hormônios que fazem com que seus ovários produzam mais óvulos do que em um ciclo natural. Durante esse período, ela é acompanhada de perto com ultrassons e exames de sangue para avaliar a resposta ao tratamento. Quando os óvulos estão maduros, é realizada a punção folicular — um procedimento rápido, feito com sedação leve, que retira os óvulos de forma segura.
No laboratório, esses óvulos são fertilizados com o sêmen do parceiro da receptora ou com sêmen de um doador. Os embriões resultantes se desenvolvem por alguns dias e, em seguida, um ou mais são transferidos para o útero da receptora.
Para a mulher que doa, o risco é considerado baixo, principalmente quando o acompanhamento médico é criterioso. O mais comum é haver um desconforto abdominal temporário devido à estimulação dos ovários, que voltam ao tamanho normal pouco tempo após a coleta. Casos de síndrome de hiperestimulação ovariana, que é quando os ovários reagem de forma exagerada aos hormônios, são raros e monitorados de perto.
Como a punção é feita com sedação, há também os riscos inerentes a qualquer procedimento médico, mas eles são mínimos e controlados por uma equipe experiente. Pequenos sangramentos ou dores leves podem aparecer nos dias seguintes, mas costumam se resolver sozinhos.
Para a receptora, os riscos da doação de óvulos estão mais ligados à própria fertilização in vitro do que ao fato de receber óvulos de outra pessoa. A transferência de mais de um embrião, por exemplo, pode aumentar a probabilidade de gestação múltipla, o que exige acompanhamento mais atento durante a gravidez.
Existe também ainda uma pequena possibilidade de gravidez ectópica, que é quando o embrião se implanta fora do útero, e as reações aos medicamentos usados para preparar o endométrio, que normalmente se resumem a inchaço ou sensibilidade.
Outro ponto importante é que, independentemente de usar óvulos próprios ou doados, mulheres com mais de 40 anos apresentam maior risco de complicações obstétricas, como hipertensão e diabetes gestacional. Isso reforça a importância de um pré-natal rigoroso desde o início.
A doação de óvulos une dois elementos poderosos: a tecnologia da medicina reprodutiva e a generosidade humana. Para quem doa, é um gesto de empatia que ultrapassa barreiras. Para quem recebe, é a chance concreta de gerar um filho, sentir a gestação e viver a experiência da maternidade desde o início.
Apesar de ser um procedimento seguro e cada vez mais comum, é natural que existam dúvidas — afinal, cada corpo reage de um jeito e cada história é única. Por isso, mais do que conhecer as etapas técnicas, é fundamental conversar com um especialista que possa explicar tudo de forma transparente e personalizada.
Aqui na clínica, meu objetivo é justamente esse: oferecer um espaço de escuta, esclarecer cada detalhe e garantir que a paciente se sinta segura e acolhida durante todo o processo. Marque sua consulta agora mesmo e tire todas as suas dúvidas sobre a fertilização in vitro.