Quando uma paciente chega no consultório me perguntando se endometriose causa infertilidade, eu sempre digo: não existe uma resposta única para todo mundo. Cada mulher é única, cada quadro é diferente.
Mas eu entendo bem o medo por trás dessa pergunta. Afinal, quando o sonho de ser mãe existe, qualquer diagnóstico relacionado ao útero ou aos ovários mexe demais com a gente. Por isso, neste texto, vou te mostrar com calma como a endometriose funciona, quando ela pode afetar a fertilidade e o que pode ser feito para preservar o seu projeto de maternidade.
Mais do que apenas números e estatísticas, quero que você termine essa leitura com menos medo e mais informação. Porque sim, é possível conviver com a endometriose, tratar os sintomas e até engravidar — muitas vezes naturalmente, outras vezes com ajuda médica especializada. Vamos juntas?
Antes de entender se a endometriose causa infertilidade, vamos ver o que ela é? É uma doença inflamatória crônica que acontece quando células do endométrio (a camada que reveste o interior do útero) crescem fora do útero, em lugares onde não deveriam estar. Elas podem se fixar nos ovários, nas trompas, no peritônio e até mesmo em órgãos como intestino ou bexiga. O problema é que, mesmo fora do útero, essas células continuam respondendo aos hormônios do ciclo menstrual, inflamando e causando dor.
E por que isso acontece? A medicina ainda não tem uma resposta definitiva, mas acredita-se que o fluxo menstrual retrógrado — quando parte do sangue menstrual retorna pelas trompas e cai na cavidade abdominal — seja uma das causas principais. Também há fatores genéticos, imunológicos e hormonais envolvidos. Ou seja, não é culpa sua, não é “algo que você fez de errado”.
Os sinais iniciais da endometriose podem ser discretos, mas não devem ser ignorados. O principal sintoma é a dor — e não é aquela cólica comum que melhora com um analgésico simples. É uma dor intensa, incapacitante, que muitas vezes impede a mulher de trabalhar, estudar ou levar a vida normalmente durante o ciclo.
Algumas mulheres também sentem dor na relação sexual, dor para evacuar ou urinar durante a menstruação e desconforto pélvico persistente. Além disso, alterações no fluxo menstrual, infertilidade sem causa aparente e fadiga frequente também podem ser pistas importantes.
Se você sente que as dores menstruais estão ficando cada vez mais fortes ou que a menstruação mudou bastante nos últimos anos, vale investigar.
Apesar de não ser uma regra, a endometriose causa infertilidade, e infelizmente é uma realidade para muitas mulheres. Estima-se que entre 30% a 50% das mulheres com endometriose tenham alguma dificuldade para engravidar. Mas por que isso acontece?
A presença de tecido endometrial fora do útero provoca um processo inflamatório constante na pelve, o que prejudica a qualidade dos óvulos, a função das trompas e até mesmo a implantação do embrião no útero. Além disso, em casos mais graves, a endometriose causa infertilidade ao formar aderências (espécie de cicatrizes internas) que distorcem a anatomia dos órgãos reprodutivos, dificultando a fecundação.
Vale lembrar que a intensidade dos sintomas não está diretamente ligada à gravidade do impacto na fertilidade. Ou seja, mulheres com muita dor podem engravidar sem dificuldade e, ao mesmo tempo, mulheres sem sintomas podem descobrir a doença justamente porque não estão conseguindo engravidar.
Por isso, se você já recebeu o diagnóstico e está tentando engravidar sem sucesso por mais de 6 meses (ou 1 ano, se tiver menos de 35 anos), procure um especialista em reprodução humana para avaliar a melhor estratégia.
Ter endometriose é uma condição que merece atenção. Ela não tem cura definitiva, mas pode e deve ser tratada para melhorar a qualidade de vida e preservar a fertilidade.
O tratamento vai depender do objetivo de cada mulher: controlar a dor, evitar a progressão da doença ou engravidar. Em muitos casos, o tratamento clínico com medicamentos hormonais ajuda a reduzir a inflamação e a dor. Em outros, é necessário um procedimento cirúrgico para remover os focos de endometriose e as aderências.
Agora que você sabe que a endometriose causa infertilidade, mas tem tratamento, já sabe o que fazer! Para quem deseja engravidar, o planejamento é essencial. Em alguns casos, a cirurgia já facilita a gravidez natural. Em outros, é indicado recorrer à reprodução assistida, como fertilização in vitro (FIV), que oferece ótimas taxas de sucesso mesmo em mulheres com endometriose.
O mais importante é não se conformar com a dor e não desistir do seu sonho. Hoje a medicina tem muitas opções para te ajudar a viver sem sofrimento e realizar o seu desejo de ser mãe.
Se você está desconfiada de endometriose ou já recebeu o diagnóstico e quer entender como isso pode impactar a sua fertilidade, marque uma consulta comigo. Vou esclarecer suas dúvidas e juntas vamos encontrar o caminho certo para você.